terça-feira, 29 de março de 2011

Iolanda Toshie Ide é presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher em Lins-SP, vivenciou protestos realizados na China contra as usinas nucleares e alerta sobre o problema aqui no Brasil:

"PERIGO A VISTA" :
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Iolanda Toshie Ide

A caminho de Hokkaido, no shinkansen (trem-bala), após uma hora de viagem, Fukushima pareceu-me muito próximo de Tokyo. A velocidade engana: são 240 km. As lindas construções com perfeitos telhados em cor cinza com pequenas curvaturas nas extremidades que arrematam a elegante arquitetura, fez-me esquecer a informação sobre os distantes reatores nucleares ali presentes.
Agora com o acidente nuclear provocado pelo grande abalo sísmico (e também de muitos outros menos intensos mas ainda próximos de 5 e 6 graus) seguido de imenso tsunami, lembro-me da grande caminhada de que participei em Houairou (China) em 1995. Algumas mulheres japonesas haviam convidado companheiras de Muroroa para a IV Conferência Mundial da Mulher porque recentemente, o governo francês havia autorizado os testes nucleares no Atol de Mururoa. Cinco mil mulheres japonesas portando fotos de vítimas das bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre Hiroshima e Nagasaki seguravam uma imensa faixa em tecido branco, de dezenas de metros de comprimento, pediram paz e o fim das armas nucleares.
Após a catástrofe de Chernobyl, recorrer à energia nuclear alertou para um risco muito grave. Em 1987, um plebiscito popular forçou o governo italiano a abandonar o uso de energia nuclear, porém em 2009 a equipe do premiê Silvio Berlusconi assinou um acordo com a França para a construção de mais quatro novas usinas nucleares em território italiano.
O premiê Schroeder fez um compromisso público de encerrar as centrais nucleares até 2025; no entanto, a chanceler Ângela Merkel, cedendo a um lobby de grandes indústrias, decidiu prolongar as atividades por mais 14 anos, o que lhe causou grande desgaste. Em abril de 2010, cerca de 100 mil pessoas ocuparam as ruas de Berlim numa grande manifestação de protesto. O acidente em Fukushima precipitou a decisão pelo abandono da reutilização das plantas nucleares.
Por ocasião da Ação Internacional 2005, da Marcha Mundial das Mulheres, na principal avenida de Osaka, mulheres, vestidas de kimono, dançaram em protesto contra a tentativa de mudança do artigo 9º da Constituição (que proíbe a militarização do Japão) e contra a proliferação de armas nucleares.
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Anunciava-se o início da primavera e, como de costume, algumas árvores seriam plantadas mas ... na véspera, em 22 de setembro de 1987, o césio 137 assombrou a população de Goiás. Os desdobramentos já conhecemos. Se nem uma cápsula de césio pode ser seguramente guardada, a ponto de ser lançado no lixão urbano, o que poderá ocorrer com usinas obsoletas importadas da Alemanha pelo governo militar pode-se imaginar o grau de perigo a que estamos sujeitos com as três usinas de Angra e as demais que se intentam construir.
No Brasil onde a geração abundante de energia, seja solar, eólica, de ondas marítimas ou hidrelétrica são de fácil exploração, porque recorrer à energia nuclear?
Iolanda Toshie Ide
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Vale lembrar que se falava muito há algum tempo atrás, algo em torno de 2 anos, que o governo federal implantaria as margens do Rio Tietê, mais precisamente na cidade de Bariri - uma usina nuclear...vamos pesquisar ..
Rejane Busch

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