Hoje, véspera do “Dia do Índio” – parei pra pensar nos esforços do pessoal lá na aldeia, prá receber direitinho os convidados para as apresentações, tanto carinho, tanto cuidado prá não sair nada errado.
Me lembrei que a primeira vez que participei dessa comemoração aqui em Araribá foi em 1988...Estranhei muito na época, pois lá no litoral, onde eu morava, esse costume não existia nas aldeias (apenas nas escolas não indígenas, as criancinhas eram pintadas igual aos índios apache).
Sempre me perguntei: porque será que eles aqui fazem tanta questão de comemorar essa data, depois de tanta coisa ruim que passaram, de tanto sofrimento, preconceito, perseguição, enfim...
A resposta, acredito eu, está num manifesto silencioso de existência que eclode neste dia 19: para que as pessoas parem de falar nos índios sempre evocando o passado: os índios viviam; os índios falavam; os índios existiam...
Hoje, as vésperas de mais um crime que será perpretado contra inúmeros povos indígenas da Amazônia com a construção da Usina Belo Monte no Xingu, novamente me questiono e principalmente me lembro das sábias palavras do pajé Xavante Tserê Wassa que conheci com meu irmão Guarani/Terena Anildo Lulu e com o Chicão Terena:
Me lembrei que a primeira vez que participei dessa comemoração aqui em Araribá foi em 1988...Estranhei muito na época, pois lá no litoral, onde eu morava, esse costume não existia nas aldeias (apenas nas escolas não indígenas, as criancinhas eram pintadas igual aos índios apache).
Sempre me perguntei: porque será que eles aqui fazem tanta questão de comemorar essa data, depois de tanta coisa ruim que passaram, de tanto sofrimento, preconceito, perseguição, enfim...
A resposta, acredito eu, está num manifesto silencioso de existência que eclode neste dia 19: para que as pessoas parem de falar nos índios sempre evocando o passado: os índios viviam; os índios falavam; os índios existiam...
Chicão Terena - Aldeia Kopenoty direitos autorais da foto: Comunidade Terena Kopenoty- Avaí SP |
“Chega!
Para nós chega!
Chega de 500 anos!
500 anos se abaixando se deixando ser pisado nas costas e ainda dizendo: pisa mais um pouco!
Quinhentos anos acabaram!
Quinhentos anos acabaram!
Agora é outra época, é tempo de não mais abaixar a cabeça!”
Aqui deixo também minha insatisfação e temores pelo futuro dessas pessoas, que guardam muita sabedoria e sofisticação num modo muito simples de viver.
Com muito orgulho, hoje assino com meu nome Guarani, nome com que fui batizada na aldeia do Rio Silveira pelo pajé Ddjokó e pela nhandetsy Doralice – numa época mágica, numa aldeia mágica, na encosta da Serra do Mar, entre São Sebastião e Bertioga...numa noite estrelada - mas essa história eu conto depois, isso se Nhanderu deixar!
Ara'i
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